domingo, 24 de junho de 2012

"Antes de mais nada fica estabelecido que ninguém vai tirar meu bom humor"
                                                                                             Fernando Sabino

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Fernando Sabino

Problematização

Para que a aprendizagem de matemática melhore na escola em que atuo é necessário que haja muita reflexão sobre a prática, e só assim, acredito que a mesma venha a alcançar progressos. A educação varia sempre em função das concepções de sociedade e mundo, no caso brasileiro, nem a escola tradicional centralizada no conteúdo, nem o humanismo, centralizado no indivíduo conseguiram atender às demandas necessárias aos avanços dos níveis primários da educação dos séculos XIX e XX.
            A formação dos professores que trabalham na escola onde atuo é uma formação tradicional, pois foi feito uma pesquisa e o resultado diz que este professores ainda estão voltados a modelos tradicionais e o seu desenvolvimento profissional precisa de mudanças. A minha intenção não é de criticar ou alencar um ou outro caminho como se fosse o ideal, mas mostrar que existem outros caminhos para se ensinar matemática e cada um deles tem o seu papel e o seu valor dentro do contexto escolar.
            Depois de eu ter passado por este processo de formação pretendo problematizar as informações nos horários de ATPCs de forma que essas venham a ter uma reflexão, e assim, quem sabe, direcionar alguns caminhos para a aprendizagem. É necessário que o professor discuta com os demais e socialize suas práticas para que assim não só ele como o grupo, venha refletir sobre os caminhos que nortearam suas aulas.
A teorização da prática é uma das propostas que pode ser trabalhada nos ATPCs. Através da exposição, pelo professor, de sua didática de ensino, torna-se interessante a discussão e reflexão dos colegas que também poderão expor discutir, refletir suas idéias, repensando o plano de ensino.
Outros caminhos que seguirei para nortear os horários de trabalho pedagógico coletivo:
- Utilizar os horários de trabalho Pedagógico coletivo para propor atividades "desafios";
- Fornecer subsídios que permitam que os professores de matemática atualizarem-se e a perfeiçoarem constantemente em relação ao exercício profissional;
- Promover discussão e debates no sentido de melhorar sempre mais suas aulas;
- Estimular os professores a desenvolver com entusiasmo as atividades;
- Sugerir alternativas de atividades "educação Matemática" que favoreçam a aprendizagem.
- troca de experiências do que está dando certo.
            Com essas medidas espero que o ensino de matemática passe a representar um campo de estudo bastante ativo na escola onde trabalho para que assim, possamos encontrar soluções com mais clareza, pois o debate entre os colegas é muito produtivo na prática pedagógica, partindo destas situações que emergem mudanças na construção do conhecimento em sala de aula.

terça-feira, 12 de junho de 2012


 Foi realizada uma pesquisa que teve como finalidade refletir sobre a formação de professores e desenvolvimento profissional, procurando identificar algumas noções fundamentais relativas ao professor como profissional da educação.
 No texto, “formação de professores em perspectiva”, foi elaborado pelo responsável duas questões para que os professores de matemática respondessem:
 Na primeira questão: O que você tem ouvido falar sobre formação de professores e desenvolvimento profissional?. Várias foram as respostas “nunca ouvir falar nada, só através do caderno de comunicado da escola, os próprios professores comentam sobre o curso, tenho ouvido falar bastante no momento que o governo incentiva o professores a fazerem cursos de formação, mas o governo limita exigências para que todos não possam fazê-los, como a idade, tempo mínimo para a aposentadoria etc, Os profissionais do magistério estão procurando a formação por conta própria, como os cursos de desenvolvimento profissional, mesmo assim poucos,. Este assunto deveria ser debatido sempre, pois a formação de professores e sua qualificação profissional são muito importantes para seu conhecimento. O futuro de nossa nação está nas mãos deles. Portanto, qualificar o professor hoje, significa uma nação melhor no futuro.
 Essas respostas não condizem com a formação de professores, pois a mesma não depende do governo, como é colocada em algumas respostas, há dois processos de formação o inicial e o continuado. Na formação inicial a carência é da preparação cientifica e pedagógica que é uma prática proporcionada por instituições tradicionalistas, essa abordagem dificulta as relações com os alunos. Na formação continuada, contratam-se duas perspectivas: reformulação de conhecimento/conteúdo e outra reconhecem a necessidade de professor “refletir” sobre a sua própria experiência, mas esse processo envolve múltiplas etapas e que, em última análise, está sempre incompleta. A formação, essa sempre, se associa a ideia de frequentar cursos, enquanto o desenvolvimento profissional ocorre por meio de múltiplas formas, que incluem cursos, mas também atividades como projetos, trocam de experiências, leituras, reflexões sobre a prática, etc. Na formação o movimento é essencialmente de fora para dentro, já no desenvolvimento profissional temos um movimento de dentro para fora.
 Na segunda questão. Faça uma reflexão sobre o seu movimento/processo de formação em relação aos desafios enfrentados na prática cotidiana da escola.
Resposta: Não teve nenhum vínculo com o processo de aprendizagem que tive na faculdade Cada vez mais temos vários desafios como inclusão, criança déficit de aprendizagem etc.Em alguns pontos é feita essa reflexão, em outros não. Nem sempre a teoria corresponde à prática do dia-a-dia, procuro estar sempre atento ás mudanças, portanto faço com frequência cursos de formação para professores e gestores Em relação aos desafios enfrentados em sala de aula, por experiência estas situações devem sempre ser mediadas com muita coerência tendendo para soluções que demonstrem aos alunos maturidade, calma e eficiência nas resoluções e que o diálogo prevaleça acima de toda e qualquer violência.
Percebe-se que o que se aprende na faculdade não esta em sintonia com a sala de aula, pois a mesma não favorece a sua apropriação pelo aluno, e que cada vez mais o professor precisa fazer cursos, pois os desafios são grandes.
A formação desses professores entrevistados foi uma formação tradicional e que seu desenvolvimento profissional tem muito ainda a ser feito, pois eles precisam rever o modo como ele se forma como profissional.
 Acredito que a partir da reflexão sobre a própria prática é que as transformações podem ocorrer e que o professor tem que conhecer os conteúdos que ensina, mas não do modo do cientista, conhecer o conteúdo de matemática de modo diferente do matemático, conhecendo os caminhos para torná-los compreensivos e significativos.

sábado, 9 de junho de 2012

DIFERENTES INSTÂNCIAS RESPONSÁVEIS PELA APRENDIZAGEM


DIFERENTES INSTÂNCIAS RESPONSÁVEIS PELA APRENDIZAGEM

Para que a aprendizagem melhore na escola em que atuo e para sustentá-la é preciso verificar como o texto coloca, "Quais são os principais instrumentos de avaliação utilizados pelos professores? Quais são as principais características dessas avaliações? Quando são realizadas?, O que é feito com os resultados  das avaliações? E assim procurar trabalhar com os resultados, pois para cada problema observado em relação à aprendizagem é preciso pensar, criar  inventar soluções e acompanhá-las. Quando se defende uma avaliação continua, entende-se que os alunos devam ser avaliados no inicio, durante e no fim dos vários períodos e subperíodos de ensino. Segundo Catani e Gallego (2009), é um equívoco pensar  que tomamos conhecimento desses processo somente por "observações" dos alunos ao realizarem atividades em sala de aula, observações essas nem sempre dirigidas segundo os objetivos das aulas, tomemos como exemplo,o registro.
Outro ponto é não excluir necessariamente a avaliação quantitativa, mas utilizar um instrumento que tínha, quase sempre o fim de aferição de nota, com outro sentido. A prova também pode oferecer dados expressivos de como os alunos estão se apropriando dos conhecimentos, com as devidas adequações em relação á etapa, a disciplina (catani e Gallego 2009). E imprescindível que, como coordenador, realize discussões sobre a temática da avaliação que contemplem essas possibilidades para a melhoria das avaliações formuladas e as organizadas pelos professores.
Quanto as avaliações institucionais externa, suas ações têm que ser discutida com a equipe e suas informações serem utilizadas de modo a levar em conta a relação entre as condições oferecidas à escola e os resultados atingidos. Freitas (1999) sugere que se diagnostique a real posição de uma escola mobilizando - a internamente para atingir um patamar superior através dos resultados. Depois de o resultado procurar pontuar e registrar, no quadro de registro de resultados dos alunos onde pode colocar o desempenho dos alunos, hipótese para explicar os resultados e a ações para melhorar os resultados. Para cada problema, devemos pensar em soluções e avaliá-las, adequar o tempo de dedicação aos vários conteúdos que tem se mostrado mais frágeis. Variedades de instrumentos podem auxiliar, é preciso garantir a dinâmica da revisão de metas posta na proposta pedagógica continuamente, que a prática avaliativa deve ser coerente com as concepções do conhecimento, aprendizagem, procurar a coerência entre aas vária instâncias e dimensões do processo educacional e de aprendizagem.
Para que essas medidas possam ser sustentadas é preciso que tanto o conselho de escola e o conselho de classe sejam mobilizados, pois eles têm como função básica mobilizar e organizar os atores envolvidos como representantes das organizações associativas da escola para discutirem interesses coletivos a respeito de questões de ensino e de melhoria da aprendizagem dos alunos, aliando diretor, professor, pais e alunos, de acordo com as diretrizes da escola.

Hiperatividade



HIPERATIVIDADE

  I- Introdução

                   Atualmente existem várias publicações que buscam definir o termo “hiperatividade”, mas pais e profissionais da educação ainda não demonstram preparo para definir este conceito, mesmo lidando com crianças hiperativas diariamente; já que muitos dos problemas biológicos e/ou psicológicos podem provocar sintomas similares ao da hiperatividade. Assim, o diagnóstico não deve ser feito com base no “achismo” ou ministrar remédios que modificam o comportamento do indivíduo, mas que poderão deixar efeitos colaterais.
                   Além dos conhecimentos científicos sólidos, é necessária muita experiência para identificar os fatores relevantes em cada caso particular, buscando primordialmente a melhoria da qualidade de vida dessas crianças e consequentemente dos familiares.

II - Conceituação
 
                   A hiperatividade é um sintoma que não tem definição precisa aceita unanimemente, mas todos concordam que compromete de modo marcante o comportamento do indivíduo. Muitas das crianças rotuladas de endiabradas, desobedientes ou “vagais“ podem ser, na verdade, hiperativas. Pode não ter esse comportamento por livre e espontânea vontade, mas por uma alteração cerebral que, a despeito da inteligência que carrega, faz com que prestar atenção nas aulas ou fazer a lição de casa transformem-se em atividades hercúleas.
                   Trata-se de um desvio comportamental freqüentemente hereditário, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e de atividade, acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada. Isto incapacita o indivíduo de se manter quieto por um período de tempo necessário para que possa desenvolver as atividades comuns do seu dia-a-dia. Este padrão de comportamento se mostra incompatível com a organização do ambiente e com determinadas circunstâncias. Crianças e adolescentes hiperativos são freqüentemente considerados como pessoas inconvenientes.
                   Estima-se que a hiperatividade na idade pré-escolar esteja na faixa dos 10% e na idade escolar em 4 – 5 % das crianças.
                  





                     
                  
                    A Hiperatividade Infantil é definida pela Associação Americana de Psiquiatria como Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade ( TDAH ), classificada no subgrupo dos distúrbios mentais. Para sua classificação como patologia, encontramos um conjunto de sinais e sintomas delineados. A criança deve ter pelo menos seis dos sintomas descritos nos itens abaixo, durante pelo menos seis meses, antes dos 7 anos de idade:
·        Desatenção
·        Falta de atenção em detalhes ou erro por descuido
·        Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos
·        Desatenção quando lhe dirigem a palavra diretamente
·        Não segue instruções e falha em terminar os deveres da escola, tarefas rotineiras ou de trabalho.
·        Dificuldade em organizar tarefas e atividades
·        Relutância ou desgosto em desenvolver tarefas que exijam esforço mental constante, como trabalhos escolares e lições de casa.
·        Facilidade em perder objetos necessários para tarefas escolares ou atividades (material escolar, brinquedos)
·        Distração
·        Esquecimento de atividades diárias
·        Hiperatividade ou impulsividade
·        Inquietação: mexe-se na cadeira, balança os pés, movimenta as mãos, levanta-se da cadeira com freqüência na sala de aula ou em outras situações em que se esperaria que permanecesse sentada.
·        Corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas
·        Dificuldade em participar de jogos ou atividades de lazer em silêncio
·        Parece estar sempre a “mil por hora” ou a “todo vapor”
·        Fala incessante e intrometimento em conversas alheias
·        Costuma interromper conversas e não espera que terminem frases para respondê-las
·        Não sabe esperar sua vez nos jogos, brincadeiras e nas filas.
·        Interrompe assuntos e faz perguntas antes da hora.

III - Histórico

                    Problemas com comportamentos de agitação e falta de atenção em crianças e até adultos está longe de ser uma novidade. Trabalhos científicos  sobre  o assunto estão sendo feitos desde  o  começo  do  século







XX, como a pesquisa realizada pelo médico George Frederic Still em 1902.
              Still descreveu um grupo de 20 crianças que se comportavam de maneira excessivamente emocional, desafiadora, passional e agressiva e que se mostravam resistentes a qualquer tipo de ação com o objetivo de tornar o comportamento delas mais aceitável. O grupo tinha uma proporção de três meninos para cada menina e era composto de crianças que não tinham indícios de maus tratos pelos pais. Still especulou que devido à ausência de maus tratos, os problemas destas crianças deveriam ser de origem biológica. A hipótese ganhou mais força ainda quando Still notou que alguns membros da família das crianças eram portadoras de problemas psiquiátricos como depressão, alcoolismo, problemas de conduta, etc. (HALLOWELL et al. 1994-p.271)
              O simples fato de Still ter proposto uma base biológica para o problema, embora  a evidência definitiva ainda tenha demorado mais algumas décadas para chegar, significou um grande passo. Antes disso, as crianças e os pais eram considerados responsáveis pela “falta moral” e o tratamento era freqüentemente feito através do uso de castigos e punições físicas. Os manuais de pediatria da época eram repletos de explicações de como bater em crianças e afirmavam a necessidade deste tipo de tratamento.                                                                    
             As observações e deduções de Still influenciaram o “pai” da Psicologia Norte-Americana, Willian James que especulou que estes distúrbios de comportamento seriam devido a problemas na função inibitória do cérebro em relação à estímulos ou à algum problema no córtex cerebral onde o intelecto acabava se dissociando da “vontade” ou conduta social.
              Em 1934, Eugene Kahn e Louis H. Cohen publicaram um artigo no famoso “The New England Journal of Medicine” afirmando que havia uma base biológica para a hiperatividade, baseado em um estudo feito com pacientes vítimas da epidemia de encefalite de 1917-1918. Os autores deste artigo foram os primeiros a mostrar uma relação entre uma doença e os sintomas da TDAH.
              Em 1937, Charles Bradley mostrou mais uma linha de relação da hiperatividade com o biológico, através da descoberta acidental de que alguns estimulantes ( as anfetaminas ) ajudavam crianças hiperativas a se concentrar melhor. Esta descoberta foi contrária à lógica tradicional, pois os estimulantes em adultos produziam um aumento de atividade  no  sistema  nervoso  central,  enquanto  o  inverso  acontecia em








crianças com hiperatividade. O porquê deste fenômeno ainda iria ficar mais
algumas décadas sem resposta.
              Em pouco tempo, as pessoas com este   problema receberam
uma nova e obscura descrição: “Disfunção Cerebral Mínima” e começavam a ser tratadas com dois estimulantes que tinham demonstrado muita eficácia no tratamento do problema (Ritalina e Cyclert)
                       Em 1957, Maurice Laufer tentava associar os problemas da “síndrome hipercinética” com o tálamo, estrutura cerebral responsável pela filtragem de sinais somáticos provenientes do resto do corpo. Embora esta hipótese não pudesse ser provada, era o começo da ligação entre a hiperatividade e alguma estrutura cerebral.
                      Nos anos 60 as observações clínicas se tornaram mais apuradas e ficou cada vez mais aparente que a síndrome tinha alguma origem biológica e talvez até genética, absolvendo os pais da culpa pelo problema. Apesar disto,a população em geral continuou responsabilizando os pais, como ainda acontece até hoje em populações menos informadas.
                     No final dos anos 60, muito já se sabia sobre hiperatividade, mas a falta de novas evidências ligando a síndrome a bases biológicas começou a criar discussões sobre a existência da síndrome. Muitos acreditavam que o transtorno era uma tentativa de livrar os pais de culpa por filhos mimados e mal comportados. Depois deste período de incertezas, novas descobertas começaram a ser feitas.
                      Em 1970, C. KORNETSKY propôs a hipótese de que a hiperatividade poderia estar ligada a problemas com certos neurotransmissores como a Dopamina e a Norepinefrina. Embora a hipótese seja coerente, as pesquisas realizadas desde então na tentativa de comprovar o efeito destes neurotransmissores na hiperatividade ainda não obtiveram sucesso. Embora não se saiba qual é o neurotransmissor específico ligado à hiperatividade, muitos pesquisadores acreditam se tratar de um problema de desequilíbrio químico no cérebro e estudos recentes somados a aparente melhora obtida através da psicofarmacologia parecem confirmar esta hipótese.
                       Na década de 80, vários autores como MATTES E GUALTIERI e CHELUNE (apud HALLOWELLet al.) especularam sobre o envolvimento dos lobos frontais no hiperativo, devido à semelhança de sintomas apresentados por pacientes com hiperatividade e aqueles que sofreram danos nos lobos frontais devido a acidentes ou outros problemas.                    Em  1984, LOU et al. ( apud  HALLOWELL et al. ) demonstrou evidências








de uma deficiência de circulação sanguínea nos lobos frontais e no hemisfério esquerdo de pessoas portadoras de hiperatividade.
                       Todos estes estudos foram confirmados em 1990 por ZAMETKIN (apud HALLOWELL et al.), graças ao desenvolvimento de novas tecnologias como o PET (Tomografia por emissão de positróns), que mostra o funcionamento do cérebro.
                       Através do exame comparativo de PET entre pessoas diagnosticadas com hiperatividade, ZAMETKIN notou que o cérebro destas possuem um consumo de energia cerca de 8% menor do que o normal e que as áreas mais afetadas são os lobos pré-frontais e pré-motores que são responsáveis pela regulação e controle do comportamento, dos impulsos e dos atos baseados nas informações recebidas de áreas mais primitivas do cérebro como o tálamo e sistema límbico.
                        Conforme estas novas evidências, começa a ficar claro que a hiperatividade está realmente associada à alterações do metabolismo cerebral, acabando definitivamente com a dúvida sobre a real existência da síndrome e sua ligação biológica.
IV – Classificação da Hiperatividade  

Podemos classificar a hiperatividade  infantil em três subgrupos, de acordo com a etiopatogenia do comportamento hiperativo:
  
® Hiperatividade  “verdadeira”  - TDAH

O indivíduo herda geneticamente uma tendência a anormalidade biológica quanto a ação das monoaminas que regulam a transmissão do impulso nervoso. A sintomatologia característica estaria, na maioria dos casos, presente desde o nascimento, evidenciando os componentes hereditários. Há uma espécie de temperamento padrão que inclui:
-    Intenso nível de atividade motora
-         Baixo nível de atenção, concentração
-         Reduzido nível de persistência
-         Irregularidade de hábitos
-         Baixo limiar sensorial
-         Labilidade de humor

 






 

 

® Hiperatividade Situacional


                   São reações situacionais a estressores biológicos, refere-se a um comportamento hiperativo desencadeado por algum agente tóxico – alimentar, substância medicamentosa ou por alguma patologia. Nesse caso, o comportamento hiperativo aparece em determinado momento da vida da criança.

® Hiperatividade Reacional

                   Uma das principais causas, senão a principal, do desencadeamento de um comportamento hiperativo são as chamadas dificuldades interacionais ou adaptativo – relacionais, nas esferas familiares e escolares.
                   As dificuldades emocionais e afetivas e seu conseqüente impacto para a criança podem ser responsáveis pela deflagração ou início do comportamento hiperativo. Nestes casos, existem maiores possibilidades de remissão do quadro, uma vez resolvidos os fatores que o desencadearam.
                   Problemas psico-afetivos geram inquietude nas crianças que se acentuam e podem evoluir para um comportamento hiperativo:
-    Separação dos pais;
-         Desavenças familiares que terminem em violência;
-         A utilização de Deus, da culpa e do pecado como instrumento de manipulação e coação visando atingir um determinado comportamento por parte da criança;
-         Família muito numerosa;
-         Estimulação ambiental inadequada (falta de interação dos pais com os filhos).     


V- Dicas para lidar com Hiperativos

 

Professores

·        Evite colocar os alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior.
·        Eles devem ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de costas para ela
·        Faça  com  que  a  rotina  na classe  seja clara e previsível. Mudanças de








     rotina são difíceis de serem ajustadas por crianças com TDAH         
·        Afaste-as de portas e janelas, para evitar que se distraiam com outros estímulos
·        Deixe-as perto de fontes de luz, para poder enxergá-las bem
·        Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual
·        Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em vez de concentrar o mesmo tipo de tarefa em um só período
·        Repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu
·        Procure dar supervisão adicional aproveitando intervalos entre aulas ou durante tarefas longas e reuniões
·        Permita movimento na sala da aula. Peça à criança para buscar materiais, apagar o quadro negro, recolher trabalhos. Assim, ela pode sair da sala quando estiver mais agitada e recuperar o autocontrole
·        Esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos pais que leiam as anotações
·        O aluno deve ter reforços positivos quando for bem-sucedido. Isso ajuda a elevar sua auto-estima. Procure elogiar e incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso
·        Crianças hiperativas produzem melhor em salas de aula pequenas. Um professor para cada oito alunos é o mais indicado

Pais
·        Fale um pouco mais alto e dê ênfase às palavras mais importantes, que designem tempo, espaço e modo, como por exemplo: “A lição é para amanhã”
·        Seja breve e evite dar várias ordens ao mesmo tempo
·        Não os mande fazer algo gritando de outro cômodo da casa. Eles não vão atendê-lo
·        Para chamar atenção do filho, toque no ombro dele ou aponte seu próprio ouvido
·        Prepare um local de estudo adequado, com horários e rotina estabelecida para fazer as tarefas escolares
·        Tente manter programações fixas em casa, como horário para assistir TV e jantar, por exemplo.









VI- Diagnóstico da Hiperatividade

                   É difícil diagnosticar com precisão a hiperatividade antes dos 4 ou 5 anos de idade, porém é possível detectar diversos dos seus sintomas. Há que se ter cautela no diagnóstico, uma vez que muitos bebês que apresentam “temperamento hiperativo” não desenvolvem a Hiperatividade.
                   Uma das dificuldades diagnóstica está em não se saber, bem ao certo, o que é um comportamento normal para cada uma das idades. Entre 2 e 4 anos, é preciso muito cautela para se diferenciar uma criança hiperativa de uma criança normalmente ativa. Nestes casos deve-se fazer uma avaliação longitudinal, isto é, um acompanhamento da criança por algum tempo para precisar melhor a característica de suas manifestações.
                   As características relativas ou comprometimento da atenção e a hiperatividade devem estar presentes em mais de uma situação (por exemplo: na escola, em casa, no clube, etc.) e ter iniciado antes dos 6 anos de idade.
                   A Hiperatividade Infantil exige uma abordagem interdisciplinar para ser diagnosticada. Devemos desconfiar de diagnósticos feito por psicólogos ou pelo pediatra da família em uma só sessão terapêutica.
                   A avaliação diagnóstica da Hiperatividade requer a consideração destes itens:
a)     Anamnese Completa: pesquisa do histórico familiar e do quadro sintomatológico relevante para um tratamento adequado ( é possível a utilização de questionários, conforme anexo 1 )
b)    Avaliação Clínica Geral
c)     Exame Neurológico 
d)    Avaliação Laboratorial e Complementar
e)     Avaliação Psicológica
f)      Avaliação Psicoeducacional

VII- Tratamento da Hiperatividade

   Pílulas não substituem aptidões


                   As quatro deficiências básicas de aptidões (desatenção, impulsividade, superexcitação e dificuldade com recompensas) que caracterizam a  hiperatividade provocam um  conjunto extremamente diver-








sificado de problemas para cada criança hiperativa. Fornecer um tratamento específico para um sintoma – a falta de aptidão – ou problema específico pode não reduzir os sintomas ou problemas hiperativos provocados por outras deficiências de aptidão. Os problemas das crianças hiperativas devem ser abordados a partir da idéia de que são necessários múltiplos tratamentos quando se deseja que a criança seja bem sucedida. Os pais devem compreender e aceitar que a hiperatividade não pode ser curada. Os problemas das crianças hiperativas devem ser administrados com eficácia através de diversas e distintas abordagens médicas e não-médicas.
                    Três tipos de intervenção são utilizadas com crianças hiperativas. A primeira é o uso de medicamento: psicoestimulantes, antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos, anticonvulsivantes. A segunda e a terceira são técnicas não-médicas que pais e professores devem compreender e utilizar. Uma delas refere-se  às formas de gerenciar eficaz -        
mente o ambiente doméstico e escolar da criança para reduzir os problemas associados à hiperatividade. Uma rotina matinal ou noturna constante seria um exemplo. Outra  técnica consiste em estratégias de desenvolvimento de habilidades que ajudem a criança hiperativa a prestar atenção de modo mais efetivo, planejar, ficar sentada e controlar as emoções. Essas intervenções permitem que a criança funcione de modo mais efetivo no mundo.
                   Existem também associações de apoio aos pais e hiperativos
( vide anexo 2 ).

VIII - Como falar com uma criança ou adolescente sobre TDAH:

-         contar a verdade
-         usar um vocabulário preciso
-         responder as perguntas
-         falar o que o TDAH não é
-         dar exemplos positivos de pessoas que têm TDAH
-         prevenir para a criança não usar o TDAH como desculpa
-         educar os outros

IX- Conclusão

                   Muitas crianças com hiperatividade podem apresentar dificuldade de aprendizagem em virtude da dificuldade em focar ou fixar a atenção, não selecionando os estímulos relevantes dos irrelevantes.
                  







                    A atenção compreende uma organização interna e externa de estímulos indispensável à aprendizagem, caso contrário as mensagens sensoriais são recebidas, mas não integradas.
                   Na maioria dos casos, os materiais, programas e processos de transmissão cultural na escola não possuem os requisitos necessários de motivação, entusiasmo, curiosidade e reforço que reclamam da parte da criança a mobilização e estabilização da atenção necessária à aprendizagem consciente.
                   A criança hiperativa representa um enorme desafio para pais e professores. Desatenção, agitação em excesso, emotividade, impulsividade e baixo limiar de frustração afetam a integração da criança em casa, na escola e na comunicação em geral.
           O relacionamento com os pais, professores, irmãos e amigos é muitas vezes prejudicado pelo estresse provocado pelo comportamento inconstante e imprevisível. Além disso, o desenvolvimento da personalidade e o progresso na escola podem ser  afetados negativamente, visto que a criança hiperativa apresenta as mesmas dificuldades de outras crianças em grau muito mais elevado.
                    Pais e professores devem analisar o  comportamento e suas causas, a fim de evitar que a criança sofra de ansiedade, depressão, conduta destrutiva etc., e para que possam buscar o tratamento adequado.

X- Bibliografia

BRAGA, Ryon. O comportamento hiperativo na infância, Editora Conscientia – 1998.

FONSECA, Vitor. Problemas da Aprendizagem, Editora Icobé Ltda- Rio de Janeiro - 1987.

GOLDSTEIN, Sam e Michael. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança, Editora Papirus – 1996 – 2ª Edição.

TOPEZEWSKI,Abram. Hiperatividade: como lidar?, Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda, 1999 – 3ª  Edição.

Revista Educação, Editora Segmento – Abril de 1999.

Pesquisa via internet – http:/neurociências.nu/pesquisa/add.htm

XI - Anexos